segunda-feira, 14 de março de 2016

Bom Sol

Quando a noite surge, abre-se uma imensidão de pequenas luzes no pensamento, no céu, lá longe, as estrelas com a sua profundidade dizem que estou preso aos meus pés. Será a morte, o escuro infinito sem estrelas?
Quando a terra no seu giro traz de novo a luz do sol e com ela apaga o céu, as estrelas lá longe, invisíveis, suas semelhantes, continuam a brilhar. A terra no seu giro me encolhe, e me estica, com a sua noite e o seu dia, mas eu num movimento de contradição me estico pela noite e me encolho pelo dia.
Bom Sol, que a todo o ser traz alegria, que aquece a pedra que minha mão toca, bela pedra que com ela tem vida.
Bom Sol que tanto ilumina, mas tanto que nenhuma palavra ou teoria explica mais que a simples pedra. Assim se move a terra, sua amante, num movimento continuo, num renascimento constante, que nada explica, simplesmente "é" a morte que renova a vida, a noite que renova o dia.
Lá longe onde moram outras estrelas, mais existe, outras luzes, outras vidas. Como será por lá?
Mas que pergunta, se nem por cá consigo entender.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Tudo começou porque tudo tem um início meus caros camaradas, era um dia esplendido, com um sol radiante, a primavera no seu auge, aquele unico dia em que as cores do arco iris descem à terra para inundar os campos, as árvores verdejantes, flores em que os seus botões espirram as suas primeiras baforadas de pura essência, para que as pétalas, de braços abertos sejam contempladas, abraçadas por um olhar apaixonado, a vida, toda ela em renascimento constante.
Com muita delicadeza e brio transportemo-nos para o parque da cidade, aquele onde se vai ao domingo para um piquenique em família, compra-se uns frangos na churrasqueira, umas batatas fritas de pacote, um garrafão de vinho e pão, uns refrigerantes para os putos, revista maria para a mulher, uma toalha de mesa, uma mesa portátil com cadeiras incluídas, uma cana de pesca, umas minhocas, umas cervejas e caracóis, um rádio para ouvir o relato, um helicóptero telecomandado, um disco voador, umas raquetes de praia, um tablete com net portátil, um colchão insuflável, um maço de tabaco ou dois. Vai-se num instante ao stande de automóveis comprar um carrinha pão de forma, porque não cabe tudo no Fiat Punto. (Um choro ou dois, da criança que se esqueceu da bola em casa.)
Lançamo-nos à aventura pela estrada nacional para não pagar as scutes, apanhamos trânsito de duas hora e percebemos que não fomos os únicos espertos a fugir a elas, temos um furo e perdemos mais meia hora a trocar o pneu. A carrinha nova n ão tem pneu sobresselente, somos obrigados a ligar para o seguro a pedir um táxi. Não, isto não, isto poderia acontecer, mas não nesta historia. Demoramos duas horas a chegar ao parque da cidade, pela estrada nacional, por causa dos domingueiros e quando lá chegamos somos obrigados a estacionar em cima do passeio, quando voltarmos já a carrinha foi rebocada mas não tem problema, isso depois vê-se. Quando já são quatro da tarde, conseguimos transportar tudo para sombra ideal junto ao riacho, sombra que obriga a mover a cadeira de cinco em cinco minutos por causa da rotação da terra…
(É aqui que as duas personagens principais entram em cena para dar inicio esta hilariante historia..
Todo corria na perfeição até que dois cães vadios, rafeiros de costelas bem desenhadas no lombo, secos, com ulceras no estômago, com algumas peladas de tanto coçar as micoses e os carrapatos, raiva, varicela, larvas nas feridas, moscas nas orelhas partidas, rastas de cócó agarradas ao pelo do cucu, arrastam-se famintos por uns restos de frango de churrasco, exigentes os cabrões.

Os dois amigos passeiam-se sorridentes e de língua de fora, tentando atrair a atenção das felizes famílias. Para estes dois vadios a vida era vivida a cada instante.
Mas neste dia, todas as condições se reuniam para que o que vos vou contar acontecesse.
Pois então pergunto: O que poderá ser mais forte do que a fome, do que a cede, do que o amor, por vezes?
Pois bem, falo da vontade de espetar a caneta na tampa, de enfiar a chave na fechadura, enroscar um parafuso como fazem os porcos, de comer um calípo não esta faz-me lembrar outra coisa, de desentupir uma sanita, fazer o pino, a vontade de pinar, de Foder! De dois cães com cio! Todos aqui sabem o que é um cão com cio, tudo o que ele é capaz de fazer quando lhe mexem com o vergalhão.
Foi aqui que ambos sentiram um forte odor a cadela, inalaram um fedor a vagina virginal, esqueçam lá o frango de churrascos… já não se arrastaram mais, pelo contrário, levitam, como que por magia foram invadidos por uma força vital, pelo poder de Ulisses, os seus pénis mais pareciam o do cavalo de Troia, rijos, firmes, hirtos.

Música

Tu fazes chichi atrás dos caixotes do lixo
Daqui a umas horas estarás numa suíte de lucho

Pensas que me enganas com o teu dom sedutor


E deixando-se guiar por um fio de nuvem sedutora, depararam-se com um cenário Grego, onde o sol espetava os seus raios por entre as nuvens, onde os passarinhos aconchegados pelos seus ninhos dentro dos ovinhos, rebentavam com as cascas numa vontade pura de ver o mundo pela primeira vez, onde milhares de ervas daninha rompiam a terra em direção ao céu, onde doninhas abrem buracos escuros, onde pica-paus picam paus insistentemente, onde por detrás dos arbustos casais de namorados, se magoavam por entre as gangas resistentes, entre sins e nãos pingos de desejo, que depois de secos dói a descolar.
 A nudez das estátuas exaltava falos exageradamente esculpidos, não admira que um deles já tivesse desaparecido. Tudo ali era banhos, todo ali era puro e natural prazer. Era ali, no centro de tal Éden que se encontrava a tal cadela, uma bicha branca, virgem, na sua primeira primavera.
Esta cadela de raça Lácie, de pelo liso penteado e longo, contemplava a vida de suspiro em suspiro, lambendo uma rocha húmida chapinada pelas crianças que brincavam no riacho que por ali passava, obrigava-se a arrebitar o traseiro abanando a cauda delgada e peluda com a suavidade exigida pela situação. Era bonito. Um filme da Disney.
Eles avistaram-na em zoom e agora estes dois que outrora melhores amigos, por vezes mais do que isso, faziam-se neste instante piores inimigos, capazes de se baterem num duelo mortal, pela conquista da cadela.
Quanto mais se aproximavam maior o delírio, maior o desejo, mais duros os falos, falos em riste. Pareciam dois gladiadores, ora corriam na direção dela, ora se enrolavam em mordidelas, já havia em volta quem fizesse apostas. Estavam já na arena e aquele duelo parecia não ter fim, a Lacie era o troféu sem saber que o era. Estava tão envolvida na sua perfeição de atriz da Disney que nem deu conta de estar a ser disputada.
Foi então que o pior aconteceu, a azáfama atingiu tal proporção que ela despertou do seu mundo de perfeição e aterrorizou-se com os dois guerreiros, nunca tal vira, eram duas pilas gigantes e vermelhas a correr na sua direção. Só havia uma saída, fugir, correr com toda a força das pernas tosquiadas, não podia olhar para trás, uma única direção, em frente era o caminho e correu, correu, correu e correu, em frente correu, correu sem parar quando deu de focinho contra o gradeamento do parque e eles no seu alcance. Não se deu por vencida, não seria estrupada naquele dia por dois caralhos rafeiros, seguiu o caminho junto à grade, avistou um buraco na rede e escapou-se, passou a barreira que separava céu do inferno, e saltou, deu o seu ultimo salto a cruzar a estrada nacional e ainda no ar, foi abalroada por um camião, que a desmembrou, caiu no asfalto, veio logo o homem do giz branco que delineou o cadáver.

Os dois rafeiros, tarados, repletos de entusiasmos para fecundar a cadela, saltaram a linha que separava o céu do inferno, saltaram e escorregam na poça sangue que crescia lentamente. Estavam banhados de culpa, tornam-se réus, foi então que o motorista do camião, não saciado com a morte da cadela, pegou no taco de basebol, deu um salto da cabine em formato samurai e no preciso momento em que levantou o braço ao céu,  para arrear o taco sobre a cabeça dos cães. Pppprruummmmmmmmmmm, todo o céu se cobriu de nuvens negras e carregadas, ouve-se uma voz lá longe que disse:

1- Vox ruit in potestate mea!
2- Sobre voz cai o meu poder.

1-Sol ego sum ​​terra: ego sum vita.
2- Eu sou o sol, eu sou a terra, eu sou a vida.

1-Lorem eget nunc male ergo nubes.
2- Hoje estou mal disposto, daí as nuvens.

1-Gambuzinos transfigurant in vobis.
2- Transformo-vos em Gambuzinos.

1-Et maledicentibus vobis sempiternam erectio.
 2- E amaldiçoo-vos à eterna ereção.

Com um relâmpago incandescente a profecia foi consumada.
Música

Gambozinos Gambozinos
Das pessoas vão fugir
Nas igrejas tocam sinos
Culpando os Gambuzinos

Lá vão eles de madrugada
Com uma eterna tezão
Já mais será saciada
Ão ão ão Maldição

E na cripta está a bicha
Virginal e amortalhada
Só os deuses vão provar
Aquela fruta imaculada



Quem os pode julgar, já Jesus disse -Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.
Atiraram, telemóveis, computadores portáteis, sapatos, guarda chuvas, fraldas carregadas de cócó, mas pior foi quando descobriram que o camião transportava bosta de vaca mas pedras nãos as havia.
O povo unido ainda ofuscado e horrorizado ao ver tal fenómeno começou a agir, as mães agarraram as criancinhas pela mãos e fugiram, os homens procuraram em volta um objeto de arremesso, as árvores sacudiram os pássaros, os gatos queriam vingança.
Os dois gambuzinos não tiveram outro remédio se não porem-se em fuga. No meio de tal confusão ninguém deu por nada e ali se formou uma guerra civil que se alastrou por todo o país. As pessoas deixaram de se conformar com a degradação das suas vidas e lutaram, parecia que a frustração sentida nos últimos anos se transformara em vontade de mudança, vontade de acabar com o ciclo destruidor do dinheiro, vontade de liberdade mental, de amar e cuidar do próximo, chamaram-lhe a revolução da bosta de vaca.
É um bom momento para dar um espaço no tempo desta história e presentear-vos com uma música.

---------------------------------Música 3----------------------------------------------------------------------

Continuemos.
Estes Gambuzinos viram todo o país em alvoroço, mal imaginavam que já nada tinha a ver com eles e dominados pelo medo o que lhes restou foi porem-se a monte pelos caminhos de Portugal.
Foram do Porto até Braga, de Braga para Povoa do Lanhoso (a terra do ouro e de um castelo no cimo de um penedo), pararam no intermarchê a comer um cruáçãm  folhado e uma fatia de piza de um euro que encontraram num carrinho que alguém teve preguiça de estacionar e seguiram umas placas que diziam GGE 8, depois de uma hora a pé, outra placa GGE 5km, e assim seguiram as placas GGE, acabaram por chegar a uma aldeia com o nome Esperança e na conversa com uma velha sega perceberam que GGE era o nome de um gangue de jovens emigrantes que gostavam de causar distúrbios quando voltavam de férias à aldeia e que GGE queria dizer Grande Grupo Esperança.
Refugiados agora numa serra Do Minho, numa gruta onde o sol espreita para tornar cristalino o fio de água que por ali passa. Esta gruta composta de penedos gigantes que no tempo dos dinossauros rebolaram pelo ceio do vale formando assim o refugio perfeito para estas gambozinos. O inimaginável aconteceu, de repente foram visitados primeiro por um homem, depois por uma mulher que pelos vistos já eles se usavam daquela gruta como o esconderijo dos prazeres, melhor seria pôr-se uma placa na entrada da gruta com o nome do espetáculo “ O cantinho dos prazeres” porque ali se representava a obra mais antiga de todos os tempos “O Camassutra”. Nunca em nenhum palco se viu tal espetáculo e sempre interpretado por diferentes atores, ora homem e mulher, ora homem e homem, ora mulher com mulher, todos passavam por ali, desde o padre até à velha sega, todos. Fora o mesmo deus que lhes dera esta destino, aquele que tem a mania que fala latim, só para os fazer sofrer para os fazer ver sem nada poderem fazer, só para os espezinhar. Assim foi durante seis anos, pois sim, seis anos e iam quase no sétimo quando decidiram acabar com o tormento daquela tezão infernal e insaciável, era agora a hora de ganhar coragem… Acredito que o momento exige uma representação teatral, para que todos possamos ver finda esta situação de seis anos, quase sete, clareada nas nossas mentes, arrancada de uma imagem ilusória para o real. Transportemo-nos para a gruta.
( já duas cadeiras estão a espera para serem utilizadas no devido momento, que chegou)
Em silêncio e meditação perlongaram durante dois anos.

A- AhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhAhhAhAhA
Vou cortá-la( pega numa pedra afiada e lança a mão ao alto).

B-HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Eu também. (Lança a mão ao alto e faz exatamente o mesmo gesto).
Durante mais dois anos mantiveram-se na mesma posição, foi o tempo necessário para ganharem coragem.

A- Contamos ate três.

AeB- Um. Dois. TRRRR...

B- E se batêssemos uma antes de acabar-mos com isto?

A- Mas rápido.

B- Sem pressão.

( vai cada um para seu canto e de costas começam a bater uma punheta)

A- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA(Limpa-se)
Já está?

B- Tava quase….

A- E agora?

B- Espera.

A- E agora, já está?

B- Cala-te, está-me a desconcentrar.

( A aguarda)
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Chega-me uma dessas folhas secas (limpa-se)

A- Vamos a isto?
(Os dois põem-se em posição, B está a tremer por todo o lado.)

B- Esperaaaaaaaaa. Não tenho coragem, eu corto a tua e tu cortas a minha…

A- Está bem. Vamos a isso foda-se.

AeB- Um, Dois, Três.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH.

Arrasados, destroçados, veem-se agora livres dos caralhos endurecidos como betão,
 acabou-se a tortura de uma eterna tezão.
Como sempre ouvira falar, quando algum mal no atormenta o melhor é corta-lo logo pela raiz e atira-lo para trás das costas. Para que esta constrangedora situação fosse dada por terminada era preciso exorcizar os caralhos, deitar fogo aos membros separados do corpo, não nos podemos apegar às coisas materiais. Recolheram alguns galhos, pedra contra pedra acenderam o lume que daria fim a tudo isto, se não fosse o cheirinho de carne no churrasco, passou-lhes pela cabeça a imagem horripilante de mastigar o própria pila. Mas a fominha era tanta que não resistiram, descobriram que seria mais fácil de digerir o caralho do outro. Era carne de cabra velha, tão rija que não tiveram outro remédio a não ser traga -la de uma vez.
Para acompanhar o menu, colheram uns fungos que naquela gruta cresciam em abundancia e viajaram, deliraram, viram as suas almas afastarem-se do corpo, quanto mais se elevavam aos ceus (ai ca ganda cabeçada no tecto da gruta) maior a paz interior, a plenitude do estado nirvana e a cima das nuvens no olimpo viram-se em banhos rodeados por sete virgens lácies, cada um por sete, os dois com catorze, era muita virgindade e eles rafeiros outra vez, eles cães sarnentos, sebentos, sedentos de desejo. Não fora o vazio no meio das coxas e ter-se-iam divertido muito no olimpo, logo o sonho utópico se transformou em pesadelo, a inalcançável satisfação fudicera .
Volveram à terra, aos seus corpos de gambozinos, à gruta húmida e gelada com o arrependimento da castidade invertível, já não podiam voltar a trás, nada sentiam nada de nada, nada mais do que o vazio na alma destes dois pobres gambozinos.
Mortos de cansaço, arrasados, derreados, adormeceram, pelo menos agora podiam dormir de barriga para baixo.
Durante o sono ainda sentiram a dor fantasma, que é normal um amputado sentir.
Era noite de lua cheia, uma noite estrelada, no céu um fogo-de-artifício de estrelas cadentes corria a atmosfera com a felicidade de um novo dia que estava para chegar. Sete anos eram passados, catorze virgem largadas aos deuses e uma delas esmagada por um camião, os pobres dormiram profundamente, quando os primeiros raios de sol invadiram a gruta e os despertaram.
Seria mais fácil, depois de restaurado o descanso depois de um pesadelo passado aceitar a condição de castrados, era o começo de uma nova vida, pelo menos ainda se tinham um ao outro, choraram, atingiram o fundo do poço e começaram a subir, a partir daqui só para cima, abraçaram-se, correu a ultima lágrima, olharam-se e viram-se cães outra vez, os mesmos cães feios, rafeiros, sarnentos, nojentos, e como se já não bastasse fora-lhes restituída a pila, lá estavam elas outra vez, no cito de onde nunca deveriam ter saído.
Saltaram de alegria, saíram por fim da gruta, saudaram o sol, as arvores as plantas, o rio, os outros animais, saudaram-se um ao outro, e brindaram a vida ao levantarem a pata para sentir a urina descer e o calafrio de arrepiar que só quem tem pila conhece.
E assim retomaram as suas vidas como se nada tivesse acontecido. Fim


Amigo que me fiz tu e te fizeste eu
Vi-te longe, preso lá longe, vi-te morto.
Vi-te voltar renascido com uma arca carregada de esperança debaixo do braço.
Amigo, que partilhaste esse tesouro comigo
Vi-te perder o equilíbrio na corda bamba que é o teu caminho
No mar alto está a rede para te amparar a queda
Ver-te-ei morto mais uma vez, lá longe preso no tempo.
Não tenhas medo de te perder, serei um farol para que encontres o caminho de volta para casa, não desligarei a luz uma única noite, até que voltes renascido.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como o sistema nos controla,
Nos leva em pés de algodão,
Nos engana e nos enrola
Com uma chiibata na mão

É como a abelha que dá mel
e nos espeta o ferrão
Anestesia a consciência
E nos congela o coração

Chama-se a isso inocência
Viver apenas de aparência
Pendemos identidade,
Humildade resistência

E enforcamos com cordel
Os que heranças nobres nos deixaram
E que por nós acreditaram
Na justiça na liberdade

Numa possivel felicidade
Uma realidade de igualdade
Sem perconceitos, defeitos ou eleitos
Enquanto não estivermos juntos, estamos desfeitos.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

 Aqueles dias de sol, aqueles em que as lembranças de criança surgem de um passado adormecido para me despertar para a realidade do ser-se livre e feliz.
Vou-me transportando pelos dias, percorrendo por entre as horas, procurando, vou tentando conseguir e por vezes consigo.
Tenho sonhos, coisas que ficam para trás, o passa e o futuro não existem e eu quero ser.
Trabalho-me, empenho-me, exponho-me, não dou água a sementes podres, mantenho tudo arrumado para uma festa que nunca se dá.
Pacientemente espero, enquanto não vem o verão, hiberno e quando ele vem só acordo quando termina, estou eternamente anestesiado.
A realidade existe, a minha própria e única realidade esta em que me enclausuro onde me vou deixando estar por não estar completamente parado ou estaria morto.
Frustrante é ter uma máquina que marca duzentos quilómetros por hora mas anda sempre a vinte, faça chuva ou faça sol.
Vou-me cansando para conseguir dormir, pois se assim não o fizesse não sei como aguentaria pensar, pensar, pensar, pensar, pensar. Seria mais fácil ser-se cão ou então permanecer criança para sempre.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O grafiti risca a folha branca, risca deixando rasto, que por mais que apagado seja, na folha fica a sua marca. Assim é o passado a presença de uma passagem.
Eu não escolho por onde passo,
antes a vida me escolhe a mim,
Dá-me chave e alicate, ou então faz-me parafuso,
E as coisas já estão feitas assim.
Tanta gente, gente e mais gente,
Que ainda ontem de cá saiu e que hoje por cá estará, assim Deus o queira.
Hoje eu digo-te como foi. E amanha, amanha o que dirás? Direi o que a mim um dia disseram, por respeito e tradição, mas acrescentarei um pouco para mostrar ter aprendido a lição.
Assim testemunhando e construindo, lendo, vendo, vivendo, refletindo, e outras coisas que as palavras nunca dirão. Por impulsos, por crenças, por desejos, por medos, por todos os sentimentos reprimidos, oprimidos por julgamentos, num tempo onde já nem o ceu é o limite. Para onde nos fugiu o entendimento… E as mentiras? E as verdades? Até quando vão ser precisas para nos guiar, para nos proteger…De quê? Dos outros com quem quero falar e não falo nem sem bem porquê.
Já conheci muitos e dos muitos que conheci… Quantos números são eles? Quanto deles é que são números?
Quantos estilos, marcas, cores e feitios gostáva eu de conhecer? Vou onde a vida me levar.
A ampulheta está partida de lá de dentro soltou-se a areia, que deixou de ser medida, e o tempo se desfez, nunca mais vais ser minuto outra vez, mas que caus, já não posso dormir sem saber quando acordar.
Imprevistos, improvisos, importunos.
Dispenso o indispensável, o dinheiro está-se a partir como vou dormir, sem saber quando acordar.
Como posso saber o que é, o que foi, ou o que será? A não ser que a mim minta e nessas mentiras acredite, feixe os olhos desvie a atenção. Perco a luz da razão, entro na escuridão, num labirinto sem saída do qual nunca sairei,
mesmo tendo sido eu que o criei.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dinheiro

Dinheiro.

Quando nascemos deparamo-nos regras primordiais que já existem à milénios, mas que nunca em alguma época foram úteis, ou postas em causa, a não ser para servir a ideia de poder.
É verdade que ditadura ou democracia são muito diferentes mas nem um nem outra nos serve de nada, enquanto vivermos dominados por um sistema capitalista, enquanto formos manipulados pelo dinheiro e todas as nossas ações forem direcionadas para ele.
Dinheiro é o mesmo que poder, permite que uns se humilhem na falta dele, e outros como seres superiores o usem para seu único e bel-prazer, aliando-se à corrupção para saciarem os seus desejos, é o efeito da lâmpada mágica, o dinheiro é o génio que concretiza todos os desejos. E quem não tem desejos? “O dinheiro compra tudo” pois bem, é uma verdade caso não o fosse não víamos tantas prostitutas na rua ou tantas pessoas a pedir, ou tantas crianças a passar fome ou mesmo as guerras que não passam de confrontos entre poderosos, não me venham falar em crenças religiosas, Deus independentemente daquele em que se acredita não tem nada a ver com isto, pois até o nome dele é usado para servir interesses de capitais. Resumindo permite que uns sejam superiores e outros inferiores, o que quero dizer é que os homens não nascem com direito iguais. Quando falo em corrupção não atribuo personalidades, falo nela como a maior aliada do dinheiro, pois todos os dias milhões de pessoas são corrompidas por ele. Tanto o que corrompe como o corrompido são vítimas dele, isto porque ambos procuram a resolução de um problema único, a escravidão da alma. O poderoso e o pobre, são ambos “Azeite do mesmo coco, farinha do mesmo saco, ração da mesmo gamela comida do mesmo prato” (Mestre Pinóquio).
O melhor ou pior não existe senão no mundo ficcional em que vivemos, a real realidade é outra, vivemos todos á procura da felicidade, e as estórias de cada um individualmente são importantes, a estória de cada um de nós é necessária exatamente na mesma proporção, o importante é que nos relacionemos, que nos conheçamos para podermos avançar com mais justiça e sem julgamentos.
Peço a cada um que ponha a mão na consciência e se pergunte se não seria melhor se todos fossemos livres do dinheiro?
O dinheiro controla-nos, quando foi criado para sermos nós a controlá-lo, para ser uma ferramenta que facilitasse, na hora de trocar consoante as necessidades de cada um, de igual para igual, espero que concordem comigo já que estamos muito longe desse ideal, que hoje ele não passa de um elemento de auto destruição humana.

Ruben Moreira